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Vem amigo, que te convido.
Vem amigo, sentir esta brisa de abril de face levantada.
Vem subir comigo a esta montanha
Que foi alta morada dos celtas pagãos e dos nobres cristãos.
Vem sentar-te neste longo penedo, companhia da minha mocidade.
Vem ver gravada na pedra perpétua a eterna palavra que então escrevi:
Saudade.
Vem olhar a leveza do vale da Paiva
Que vai remansosa, em curvas, ondulante,
Leda e formosa, sibilante, casar com o Douro.
Vem ouvir o murmúrio dos corgos e ribeiros
Que abrem caminho no meio das fragas
E saciam a sede dos castanheiros.
Vem beber a água cristal que ali vês nascer
E vem colher a urze lilás e sentir-lhe o mel.
Vem, vem gritar alto agora neste monte altaneiro
O teu hino a tamanha natureza.
Vem rezar, nesta hora precisa, a oração das avé-marias
Para ficares na lembrança com tanta beleza
E para sempre a saudares todos os dias.
Vem, vem passear entre o tojo e a giesta
Nestes carreiros pisados por heróis.
Vem, vem cumprir a promessa na santa festa
Que hoje arraial se faz na capela.
Vem ouvir campainhas de gado pastando
E o cantar dos pássaros no carvalhal.
E então fecha os olhos,
Sonha com o alecrim
E saboreia este fado que te dá o destino
E sente como é suave a pétala do lírio.
E abre de novo os olhos,
Vive tudo de volta
E no fim, com os sonhos à solta,
Nem sabes as saudades que deixarás em mim.
Vem, vem amigo, que te convido.
Vem, que de novo te convido.
Arménio Vasconcelos
Poema declamado pelo Dr. Arménio Vasconcelos no Penedo da Saudade - Gafanhão)
Arménio Vasconcelos é licenciado em Direito e é Engenheiro Técnico Agrário. É mestre e doutorado em Museologia. Escreveu e prefaciou várias obras, entre elas, “Notas sobre a vida e obra do Padre António Vieira”, 2002, “Além do Rio”, 2004, “Museu do Território do Vale da Paiva e Serras que a beijam”, 2008. Ao longo da sua vida, tem sido congratulado com um vasto leque de diplomas, louvores, condecorações e medalhas de mérito, no campo das Artes e Letras, nomeadamente no Brasil.
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