Não se sabe ao certo desde quando e quais os povos que primeiro habitaram as cercanias de Mões, mas, a provar a permanência das longínquas comunidades da Idade dos Metais nesta região, está "o molde de machado de duplo anel" achado na vizinha povoação de Vila Boa. Aos interesses económicos e sociais destes povos remotos (...) são atribuídas as construções dos "castros" que vigiam Moledo e dominam a vasta linha do horizonte que se descortina do alto da serra de S. Lourenço (...).
(...) Os Romanos, (...) Da sua permanência em terras de Mões, rezam as inscrições e moedas que deixaram, depois de vencidos pelos povos "bárbaros", com especial relevo para os Visigodos (...).
Nos primórdios da nacionalidade portuguesa chegavam a Mões os limites da tenência de Lamego que, até 1147, foi governada por Egas Moniz, esse Aio de Afonso Henriques (...). Tornado detentor de vastas terras, aquelas que possuiu em Mões foram depois herdadas por alguns dos seus filhos, entre os quais Moço Viegas (...).
Ao termo de Mões pertencia, no século XII, a freguesia de S. Joaninho, chamada de "Pendilhe", por estar junto desta freguesia. Aí teve muitos bens outra filha de Egas Moniz, de nome Urraca Viegas, com boa parte da vila rural de Mões, bens que deixou à infanta D. Mafalda, filha de D. Sancho I, a qual ela adoptara como filha, após a volta de Castela. D. Mafalda, por sua vez, deixou em testamento tudo o que possuía ao seu Mosteiro de Arouca (...).
É ainda D. Dinis que, a pedido do seu irmão D. Pedro, atribui a Mões uma carta de privilégios, mais tarde confirmada por D. Manuel (...).
Senhor das terras de Mões foi também o Conde de Barcelos, filho de D. Dinis, esse príncipe bastardo que viria a residir em Lalim (...). Em Mões legou ele boas propriedades ao Mosteiro de Santo Tirso com todos os privilégios do senhor da Honra. D. Pedro, futuro Rei, tomou indevidamente posse de algumas dessas terras, mas logo as perdeu por sentença do seu próprio pai, D. Afonso IV, que, assim, restituiu ao Mosteiro o que havia recebido em testamento (...).
É na linha de centralização político-administrativa e na identificação dos réditos pertencentes à Coroa que nos aparecem as Inquirições e, também, a reforma dos forais, mandada fazer por D. Manuel, sob a responsabilidade de Fernão de Pina. (...) Decorridos que foram dezassete anos após a confirmação que D. Manuel fizera da Carta de Privilégio dada por D. Dinis aos moradores de Mões, o rei Venturoso, em 7 de Maio de 1514, (...) esquece o estatuto de Honra ou Couto de que Mões tinha beneficiado antes (...) e resolve criar uma nova célula administrativa com o estatuto de Concelho, dotando-a, para tal, do respetivo foral.
(...) Os seus habitantes e "justiças" vão reger-se pelo teor desse diploma e leis avulsas, até que Mouzinho da Silveira, por decreto de 1832, o retira das escrivaninhas das "justiças da terra" e os remete ao arquivo da História.
(...) O concelho sobreviveu durante ainda algum tempo (...) mas o estatuto que adqiriu por decisão de D. Manuel, em 1514, estava prestes a dar o último suspiro. Em 1855, a par de muitos outros, não resistiu à nova divisão administrativa do País, vindo, assim, a integrar-se, até hoje, no concelho de Castro Daire.
In Mões, Terra que já foi Concelho. Abílio Pereira de Carvalho.
Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na povoação de Cujó, concelho de Castro Daire. Licenciou-se em História. Conciliando o exercício docente com a investigação voltada para a História Local, colaborou em diferentes órgãos da imprensa regional e publicou, em crónicas e em livros, os resultados da sua investigação, tendo dezenas de obras publicadas.
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